domingo, 7 de junho de 2009

- Esquizofrenia, o que é?

“...que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece,nem repetidas com fervor apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos, porque metade de mim é o que eu ouço, mas a outra metade é o que eu calo...”

“... e que a minha loucura seja perdoada, porque metade de mim é amor e a outra metade também.”
Metade – O. Montenegro



Na novela O Caminho das Índias, Glória Perez (autora) está buscando relacionar o que é esse transtorno, ainda visto com certa discriminação. O ator Bruno Gagliasso (personagem: tarso) vem demonstrando com muita competência o que acontece com determinado tipo de esquizofrenia.

Em muitos casos a televisão é de extrema importância, (esclarecedora) para que a população comece a ter um olhar diferenciado para as patologias existentes e as diferenças como são tratadas, até pela própria questão social. Este é ainda um tema difícil, como disse anteriormente, as pessoas precisam do conhecimento dessa patologia e de suas implicações, para que ajudem seus amigos e parentes a lidarem melhor com as características que surgirem ao longo da vida. Aqui neste artigo você pode ter algumas explicações e esclarecer algumas dúvidas. Boa leitura. Um abraço!

O que é?
Esquizofrenia é uma doença mental que se caracteriza por uma desorganização ampla dos processos mentais. É um quadro complexo apresentando sinais e sintomas na área do pensamento, percepção e emoções, causando marcados prejuízos ocupacionais, na vida de relações interpessoais e familiares.

Nesse quadro a pessoa perde o sentido de realidade ficando incapaz de distinguir a experiência real da imaginária. Essa doença se manifesta em crises agudas com sintomatologia intensa, intercaladas com períodos de remissão, quando há um abrandamento de sintomas, restando alguns deles em menor intensidade.

É uma doença do cérebro com manifestações psíquicas, que começa no final da adolescência ou início da idade adulta antes dos 40 anos. O curso desta doença é sempre crônico com marcada tendência à deterioração da personalidade do indivíduo.

Como se desenvolve?

Até hoje não se conhece nenhum fator específico causador da Esquizofrenia. Há, no entanto, evidências de que seria decorrente de uma combinação de fatores biológicos, genéticos e ambientais que contribuiriam em diferentes graus para o aparecimento e desenvolvimento da doença. Sabe-se que filhos de indivíduos esquizofrênicos têm uma chance de aproximadamente 10% de desenvolver a doença, enquanto na população geral o risco de desenvolver a doença é de aproximadamente 1%.

O que se sente?

Os quadros de esquizofrenia podem variar de paciente para paciente, sendo uma combinação em diferentes graus dos sintomas abaixo:

Delírios:

o indivíduo crê em idéias falsas, irracionais ou sem lógica. Em geral são temas de perseguição, grandeza ou místicos

Alucinações:

O paciente percebe estímulos que em realidade não existem, como ouvir vozes ou pensamentos, enxergar pessoas ou vultos, podendo ser bastante assustador para o paciente
Discurso e pensamento desorganizado:

O paciente esquizofrênico fala de maneira ilógica e desconexa , demonstrando uma incapacidade de organizar o pensamento em uma seqüência lógica
Expressão das emoções:

O paciente esquizofrênico tem um "afeto inadequado ou embotado", ou seja, uma dificuldade de demonstrar a emoção que está sentindo. Não consegue demonstrar se está alegre ou triste, por exemplo, tendo dificuldade de modular o afeto de acordo com o contexto, mostrando-se indiferente a diversas situações do cotidiano
Alterações de comportamento:

Os pacientes podem ser impulsivos, agitados ou retraídos, muitas vezes apresentando risco de suicídio ou agressão, além de exposição moral, como por exemplo falar sozinho em voz alta ou andar sem roupa em público.

Como o médico faz o diagnóstico?

Para fazer o diagnóstico , o médico realiza uma entrevista com o paciente e sua família visando obter uma história de sua vida e de seus sintomas o mais detalhada possível. Até o presente momento não existem marcadores biológicos próprios dessa doença nem exames complementares específicos, embora existam evidências de alterações da anatomia cerebral demonstráveis em exames de neuro-imagem e de metabolismo cerebral sofisticados como a tomografia computadorizada, a ressonância magnética, entre outros.

Além de fazer o diagnóstico, o médico deve tentar identificar qual é o subtipo clínico que o paciente apresenta. Essa diferenciação se baseia nos sintomas que predominam em cada pessoa e na evolução da doença que é variada conforme o subtipo específico. Os principais subtipos são:

paranóide (predomínio de delírios e alucinações)
desorganizada ou hebefrênica (predomínio de alterações da afetividade e desorganização do pensamento)
catatônico (alterações da motricidade)
simples (diminuição da vontade e afetividade, empobrecimento do pensamento, isolamento social)
residual (estágio crônico da doença com muita deterioração e pouca sintomatologia produtiva).

Como se trata?

As medicações antipsicóticas ou neurolépticos são o tratamento de escolha para a esquizofrenia. Elas atuam diminuindo os sintomas (alucinações e delírios), procurando restabelecer o contato do paciente com a realidade; entretanto, não restabelecem completamente o paciente. As medicações antipsicóticas controlam as crises e ajudam a evitar uma evolução mais desfavorável da doença. Em geral, as drogas antipsicóticas apresentam efeitos colaterais que podem ser bem controlados.

Em crises especialmente graves, ou em que não houve resposta às medicações, pode-se fazer uso da eletroconvulsoterapia (ECT) antigamente chamado de eletro-choque. Esse método é bastante seguro e eficaz para melhora dos sintomas, sendo realizado com anestesia. Uma outra possibilidade é usar antipsicóticos mais modernos chamados de atípicos ou de última geração. As abordagens psico-sociais, como acompanhamento psicoterápico, terapia ocupacional e familiar são também muito importantes para diminuir as recaídas e promover o ajustamento social dos portadores da doença.


*Por: Dra. Ana Luiza Galvão e Dr. Cláudio M. Abuchaim

2 comentários:

Vívian disse...

Gostei muito deste seu texto. Realmente poucos conhecem sobre a esquizofrenia. Eu tenho duas amigas que perderam os filhos esquizofrenicos, ambos suicidaram, ambos se enforcaram.
A dor de quem perde um ente querido por suicidio, e ainda mais quando ele está doente é muito grande. Há cobranças internas, indagações do tipo "onde eu errei?", "porque eu não fiz isto".
Vou recomendar o seu blog para as duas.

Anônimo disse...

Eu estou me relacionando com um rapaz de 30 anos que disse que já teve síndrome do pânico após ter parado de usar cocaína por um bom tempo, eu o conheci na internet num site de relacionento a quase um ano estamos juntos entre muitas idas e vindas, li sobre esta doença e acho que ele se enquadra nela pois temos muitos momentos de amor juntos e depois ele vem me dizendo que não me ama, nao me conhece, que minto pra ele, e escondo algo. Ele diz que já foi muito enganado por pessoas ruins, fala que algumas pessoas o perseguem mas não sei quem são estas pessoas, ele sempre vem na minha casa me ver mas eu nunca fui na casa dele. Tudo que sei dele é o que ele me conta e quando insisto para agte firmar um namoro ele diz que não pode que não sabe se é isso que ele quer pra ele mas ao mesmo tempo diz que me ama e não consegue viver sem mim. Já não sei oque fazer porque gosto muito dele. Gostaria de uma opinião de vcs.

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